Rock na veiaaa

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Curitiba virando o bichoo

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O Mau Uso Da Lingua

 

A lingua nao tem osso; dai o abuso que fazem dela.
Fala-se por necessidade, por hábito, por vontade. Fala-se com convicção ou por ignorancia; com sinceridade ou má fé; como homem ou papagaio; racional ou brutalmente; Fala-se sempre.
Para certa gente, deixar de falar seria martirio, suplicio, purgatorio.
Sentir a lingua dentro da boca e nao mexer com ela, ou mexer com ela e nao fazer barulho... que desapontamento horrível para um tagarela de profissão, que faz da língua seu alimento, a sua distração, a sua companhia!
Há por aí línguas mais salgadas do que as que vêm do Rio Grande; mais afiadas que navalha; mais movediças que cata-vento; mais daninhas que ninhada de ratos em despensa bem sortida.
O elefante tem tromba, o boi chifres, o lobo dentes, a pantera garras, a vibora veneno, mas o homem tem a lingua para se defender melhor. 
A língua, que serve para cantar a alegria e fazer ouvir os acentos da dor, é muitas vezes pregoeira das fraquezas alheias, e quase sempre imprudente reveladora do que devia ficar oculto, origem de intrigas, discordias que vêm trazer resultados quase sempre funestos.
A língua do sabio tem o cunho da sabedoria. A lingua do ignorante tem a volubilidade da lingua caturrita. A primeira move-se pouco pra dizer muito, a segunda move-se muito para nao dizer nada.
Uma é afirmação da verdade de que a outra é a negação.
Há linguas de "ouro", de "prata", e ate de "trapo"! Destes, a abundancia é maior.
Falar, falar e falar sempre é a questao do dia.
Fala-se na igreja, em público, em particular, às claras, às escondidas. Fala-se verdade, mentira, de Deus, dos homens, de tudo, de todos!
Chova ou vente, haja sol ou sombra, a lingua gira na boca como uma roda gira no eixo. Ninguem escapa à apreciação do homem sensato ou à tesoura de qualquer refinado maldizente.
O que vestimos, o que comemos, o que fomos, o que somos e o que seremos - são temas que se prestam às variações de qualquer ranequista da moda. 
Se engordamos ou emagrecemos, se somos alegres ou tristes, bons ou maus, felizes ou desgraçados, procurados ou repelidos, inteligentes ou broncos, a lingua de um ou mais parladores se imcube de discutir e de esmerilhar com o zelo e a atenção que o cado pede.
Não é raro ver-se um magricela que parece gafanhoto, censurando a magreza de outro, um caolho criticando um cego, ou um idiota a falar pelo nariz contra as miserias do proximo.
Sempre a "rir-se o roto do destroçado e o sujo do mal lavado".
PS: primeiro lugar em um concurso de redações promovido por um jornal de MG.

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